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Ativos brasileiros revertem perdas após manifestação do Congresso sobre pacote fiscal

O dólar rondava a estabilidade nesta sexta-feira, após ultrapassar a marca de 6,00 reais e bater novo recorde mais cedo, enquanto o Ibovespa subia, com investidores reagindo ainda aos anúncios de uma reforma do Imposto de Renda e de um pacote fiscal pelo governo e à manifestação dos líderes do Congresso sobre os temas.

O pacote de medidas de contenção de gastos, que era amplamente esperado pelos investidores e prevê uma economia de 71,9 bilhões de reais em dois anos, veio em linha com as expectativas, mas o mercado foi pego de surpresa com o anúncio concomitante do projeto de reforma do IR.

O Executivo informou que o governo pretende expandir a faixa de isenção do Imposto de Renda (IR) para quem ganha até 5 mil reais por mês a partir de 2026, compensada pela cobrança de mais imposto de quem recebe mais de 50 mil reais por mês e pela limitação da isenção de IR de aposentados com problemas de saúde graves que recebam acima de 20 mil reais.

Agentes financeiros viram o duplo anúncio como um indício de descompromisso do governo com o ajuste das contas públicas. Mas após sofrer forte pressão, os ativos brasileiros reverteram suas perdas após comentários de líderes do Congresso em defesa do pacote fiscal.

O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), reafirmou "o compromisso inabalável da Câmara dos Deputados com o arcabouço fiscal", e o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG) disse a jornalistas que apoia "com restrições e possibilidade de incremento" o pacote fiscal do governo.

No cenário externo, que tinha um volume de negociações baixo com uma sessão pós-feriado de Ação de Graças nos Estados Unidos, o foco continua sendo os temores por guerras comerciais no próximo ano, uma vez que o presidente eleito, Donald Trump, tem prometido implementar tarifas sobre vários países.

Veja como estavam os principais mercados financeiros por volta das 13h03 desta sexta-feira:

CÂMBIO

O dólar rondava a estabilidade ante o real nesta sexta-feira, devolvendo os fortes ganhos de mais cedo, mas ainda acima de 5,97 reais, à medida que o mercado reagia a comentários de líderes do Congresso sobre o pacote fiscal do governo e realizava lucros devido aos patamares historicamente altos da moeda.

Às 13h03, o dólar à vista (BRBY) caía 0,24%, a 5,9768 reais na venda, após atingir mais cedo a máxima recorde de 6,1148 (+2,07%).

Na B3, o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento (DOLc1) subia 0,76%, a 6,055 reais na venda.

As atenções do mercado continuavam completamente voltadas para o noticiário doméstico, reagindo ao duplo anúncio pelo governo na quarta-feira de um pacote de contenção de gastos e de uma reforma do Imposto de Renda.

O pacote fiscal, que era esperado pelo mercado, veio em linha com as expectativas, mas a reforma do IR, que amplia a faixa de isenção para quem ganha até 5 mil reais por mês, pegou os investidores de surpresa, levantando mais temores sobre o compromisso do Executivo com o ajuste das contas públicas.

Após ultrapassar 6,00 reais na véspera pela primeira vez desde o início da circulação da moeda brasileira, em 1994, o dólar voltou a subir nesta sessão, com a manutenção da reação negativa do mercado.

No final da manhã, no entanto, a divisa norte-americana passou a devolver os ganhos, na esteira de comentários do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), e do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), em defesa do pacote do governo e do equilíbrio fiscal.

Em publicação no X, Lira reafirmou "o compromisso inabalável da Câmara dos Deputados com o arcabouço fiscal" e afirmou que "toda medida de corte de gastos que se faça necessária para o ajuste das contas públicas contará com todo esforço, celeridade e boa vontade da Casa".

Ele ainda disse que "qualquer outra iniciativa governamental que implique em renúncia de receitas será enfrentada apenas no ano que vem, e após análise cuidadosa e sobretudo realista de suas fontes de financiamento".

Pacheco, por sua parte, disse a jornalistas depois que apoia "com restrições e possibilidade de incremento" o pacote fiscal do governo e que a reforma do IR deve ser analisada somente "mais à frente".

As falas ajudaram a aliviar a cotação do dólar.

"Após a reação explosiva ao plano do governo, houve um grande movimento de alívio quando Lira reforçou o compromisso com o arcabouço fiscal. Ele já possuía detalhes sobre o plano de corte de gastos, e seu posicionamento de hoje reafirma a visão de que a responsabilidade fiscal será respeitada", disse Eduardo Moutinho, analista de mercados do Ebury Bank.

Outro analista ouvido pela Reuters também chamou a atenção para um movimento de realização de lucros nesta sessão, em meio aos patamares historicamente altos que o dólar atingia.

No exterior, o índice do dólar DXY — que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas — caía 0,08%, a 105,980.

. Dólar/Real (BRBY): +0,07%, a 5,9953 reais na venda;

. Euro/Dólar EURUSD: -0,02%, a 1,05535 dólar;

. Dólar/Cesta de moedas DXY: -0,04%, a 106,030.

IBOVESPA

O Ibovespa ensaiava uma melhora nesta sexta-feira, após cair abaixo dos 124 mil pontos, mas o pregão permanece fragilizado pelas preocupações persistentes com o cenário fiscal após decepção de agentes financeiros com medidas fiscais anunciadas pelo governo federal nesta semana.

A mudança de sinal na bolsa paulista coincidiu com declarações do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), de que sua posição em relação ao pacote de corte de gastos anunciado nesta semana é de "apoio com restrições e possibilidade de incremento".

Em entrevista à CNN Brasil, Pacheco afirmou que a proposta também apresentada pelo governo de isentar de imposto de renda quem ganha até 5 mil reais mensais será analisada "mais à frente" sob condição de haver espaço fiscal.

Agentes financeiros reagiram negativamente ao detalhamento das medidas fiscais na véspera, citando dúvidas sobre a capacidade de compensação da isenção proposta, bem como da extensão dos cortes e sua real capacidade de reduzir a relação dívida/PIB brasileira.

A equipe da XP reforçou a clientes em relatório enviado nesta sexta-feira que, mesmo sob as regras propostas no pacote de revisão de gastos detalhado na véspera, a sustentabilidade do arcabouço fiscal enfrentará desafios nos próximos anos.

Nos Estados Unidos, as bolsas tinham um viés positivo na volta do feriado, em sessão que terá duração mais curta, enquanto os rendimentos dos títulos do Tesouro norte-americano eram negociados em baixa, o que proporcionava apoio a alguma correção no pregão brasileiro.

DESTAQUES

- VALE ON VALE3 era negociada com elevação, favorecida pelo avanço dos futuros do minério de ferro no exterior. A mineradora também divulgou que seu conselho de administração aprovou a distribuição de 0,52 real em JCP por ação, com pagamento previsto para março do próximo ano. A data de corte é 11 de dezembro.

- MINERVA ON BEEF3 avançava, uma vez que o setor tende a se beneficiar da valorização do dólar ante o real (BRBY), que nesta sessão renovou máximas históricas, chegando a 6,11 reais, antes de perder fôlego e voltar para 5,98 reais. JBS ON JBSS3 subia, MARFRIG ON MRFG3 valorizava-se e BRF ON BRFS3 também apurava alta.

- LOCALIZA ON RENT3 caía, afetada pelas perspectivas de taxas de juros mais elevadas por mais tempo no Brasil.

- ALLOS ON AALOS3 cedia, tendo também como pano de fundo relatório do JPMorgan cortando a recomendações da ação, assim como dos papéis de Multiplan e Iguatemi, para "neutra", avaliando que os juros mais altos continuarão punindo o setor de shopping centers. MULTIPLAN ON MULT3 era negociada em baixa e IGUATEMI UNIT IGTI11M recuava.

- PETROBRAS PN PETR3 subia, relativamente descolada do movimento do petróleo no exterior, onde o barril de Brent BRN1! era negociado com acréscimo. PETROBRAS ON PETR3 avançava.

- BTG PACTUAL UNIT BPAC11M recuava, com o setor ainda pressionado por anúncios recentes do governo, incluindo impostos mais altos sobre rendas mais elevadas, que alguns analistas veem como algo negativo para bancos tradicionais e plataformas de investimento. O índice do setor financeiro B3SA3 na B3 perdia.

. Ibovespa IBOV: +0,47%, a 125.196,93 pontos;

. Índice dos principais ADRs brasileiros (.BR20): -2,55%, a 16.379,13 pontos.

BOLSAS DOS EUA

Os principais índices de Wall Street operavam em alta em um pregão encurtado pela Black Friday e a caminho de ganhos mensais, com o início da temporada de compras de fim de ano colocando as ações do varejo em foco.

Os investidores avaliavam os varejistas, que devem atrair milhões de compradores com seus grandes descontos na Black Friday, já que os clientes deram início a suas compras de fim de ano.

A Adobe Analytics estimou que os consumidores gastarão um recorde de 10,8 bilhões de dólares em compras online na Black Friday de 2024, um aumento de 9,9% em relação ao ano passado.

"Os varejistas fazem muitas importações. Os níveis de estoque são muito importantes para sua lucratividade e capacidade de controlar as margens, portanto, eles serão um dos setores no fogo cruzado (das tarifas)", disse Ross Mayfield, estrategista de investimentos da Baird.

"Mas até agora... (as coisas estão) parecendo bastante sólidas para as vendas da Black Friday e da Cyber Monday."

. Dow Jones DJI: +0,57%, a 44.977,34 pontos;

. Standard & Poor's 500 SPX: +0,60%, a 6.034,85 pontos;

. Nasdaq IXIC: +0,79%, a 19.211,00 pontos.

BOLSAS DA EUROPA

O índice pan-europeu STOXX 600 SXXP tinha alta de 0,59%, a 510,28 pontos.

Em LONDRES, o índice Financial Times CURRENCYCOM:UK100 avançava 0,04%, a 8.284,65 pontos.

Em FRANKFURT, o índice DAX DAX subia 1,05%, a 19.629,80 pontos.

Em PARIS, o índice CAC-40 PX1 ganhava 0,79%, a 7.235,67 pontos.

Em MILÃO, o índice Ftse/Mib FTSEMIB tinha valorização de 0,43%, a 33.402,05 pontos.

Em MADRI, o índice Ibex-35 IBC registrava alta de 0,40%, a 11.656,90 pontos.

Em LISBOA, o índice PSI20 PPSI20 desvalorizava-se 0,32%, a 6.410,35 pontos.

JURO

Mês

Ticker

Taxa (% a.a.)

Ajuste anterior (% a.a.)

Variação (p.p.)

JAN/25

(DIJF25)

11,662

11,611

0,051

JAN/26

(DIJF26)

13,885

13,831

0,054

JAN/27

(DIJF27)

13,99

13,939

0,051

JAN/28

(DIJF28)

13,895

13,851

0,044

JAN/29

(DIJF29)

13,79

13,768

0,022

JAN/31

(DIJF31)

13,62

13,63

-0,01

JAN/33

(DIJF33)

13,5

13,509

-0,009

DÍVIDA

. Treasuries de 10 anos US10Y: rendimento em queda de 4 pontos-base, a 4,207%.

PETRÓLEO

. Nymex - CL1!: +0,9%, a 69,34 dólares por barril;

. ICE Futures Europe - Brent BRN1!: -0,07%, a 73,23 dólares por barril.

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