FOMC veio mais hawkish e o COPOM não sinalizou que vai liderar o corte de juros. Fez mudanças no comunicado que no futuro podem se tornar uma sinalização de corte ou quem sabe até um corte, mas não contratou antecipadamente. O BC brasileiro está certo.

O juro real no Brasil está alto? Sim. Dá para cortar agora como quer quem vive de taxa de administração e galera do “pode gastar a vontade”? Ceteris paribus sim, no mundo real não. Ceteris paribus é uma das primeiras coisas que aprendemos na faculdade de economia. Significa “tudo o mais constante”. Quando simplificamos a realidade com modelos é necessário considerar que diversas variáveis não vão variar. Exemplo: em concorrência perfeita o que determina os preços são as condições de oferta e demanda. Se a oferta sobe os preços caem. Porém no mundo real pode não ser assim. A uma infinidade de coisas que podem acontecer que mesmo com mais oferta os preços não caiam.

A fotografia do momento no Brasil indica que é possível que a Selic seja cortada. Inflação surpreendendo para baixo, nova regra fiscal aprovada, expectativa positiva de agência de risco. Porém o filme pode ter final diferente ainda. Outros bancos centrais ao redor do globo ainda estão apertando juros. O BoE acabou de elevar 0,50% sua taxa de juros esta semana. O Reino Unido ainda está lutando com a inflação alta. O Japão, que está em um longo processo de mudança da sua política monetária ultra expansionista, teve surpresa negativa no núcleo da inflação noite passada. Imagina o Japão precisando acelerar sua mudança de política monetária? O cenário interno também precisa de atenção. A nova regra fiscal permite o crescimento de gastos mesmo com decepção na arrecadação. Como vai se comportar o governo em um cenário assim?

Em outras palavras, daria para baixar juros no Brasil agora se já tivéssemos uma razoável previsibilidade que as coisas estão sob controle. Há fatos indicando que estamos caminhando na direção certa, mas ainda não é o suficiente. Vale mencionar que os juros altos brasileiros ajudam o câmbio, mantendo o real valorizado, o que é bom para inflação também. Porque correr o risco de baixar alguma coisa, ou sinalizar uma baixa antecipadamente se ainda há uma boa chance de ter que reverter? Não é melhor segurar mais um pouco e aí na hora de cortar, cortar com convicção e intensidade?

A “chorança” é grande. E não é só no Brasil. Um articulista da Reuters parecia que estava chorando no banho quando escreveu o artigo sobre o aumento de 0,50% do BoE. Mesmo com a inflação no Reino Unido em 10,3%, surpreendendo para cima, ele achou o fim do mundo subir 0,50%. Me lembrou a chamada do Globo Repórter com o Sérgio Chapelin falando: “- Articulista da Reuters. Onde vivem? O que comem? Como conseguem pensar em juros baixos com inflação alta? São de uma espécie de Asnos? Tudo isso, hoje à noite, no Globo Repórter”. Agora deixando o articulista da Reuters e as brincadeiras de lado. Veja quem está chorando por aí? É gestor de fundo que tomou resgate pra caramba por causa da Selic alta. É político que quer achar culpado se as coisas não forem bem na economia e quer gastar a vontade com objetivos eleitorais. Ano que vem tem eleições municipais, não vamos esquecer! Sem falar nos donos de empresas mega endividadas que na época da bonança aproveitaram para aumentar as dívidas. Não tem inocentes, só interesses...

Grande Abraço

Leo
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Trader / Analista de Valores Mobiliários - CNPI-T 2712

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